PROJETO PAT@TIVANDO LEITURAS

terça-feira, 24 de novembro de 2009

RÁDIO PATATIVA

Professores da área de linguagens e códigos.

SALA DE CORDEL

Professora Luíza, Adjanir e alunas.

RÁDIO PATATIVA

Professora Luíza à esquerda e profº Zé Alexandre à direita.

AULA-PASSEIO EM ASSARÉ

Alunas, professora Judite, Janeide e Socorro

MEMORIAL PATATIVA DO ASSARÉ

Alunas, professoras Herlândia, Janeide e Socorro

PROJETO PAT@TIVANDO LEITURAS

19ª COORDENADORIA REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO – 19ª CREDE

ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO GOVERNADOR ADAUTO BEZERRA

AVENIDA WILSON RORIZ, 1334

TEL: (88) 3555-1177

E-MAIL: escoladautobezerra@gmail.com

PAT@TIVANDO LEITURAS:

RESSIGNIFICANDO LINGUAGENS A PARTIR DAS OBRAS DE PATATIVA DO ASSARÉ

JARDIM – CEARÁ

2009

CARACTERIZAÇÃO

Num mundo em fase de globalização, em que a cada dia são inúmeras as informações que chegam até o aluno por diferentes formas de mídias, não podemos ter a pretensão de transmitir ao aluno a última palavra do conhecimento, visto que no atual ensino médio a preocupação é transferir para o aluno a autoria de pensar; nesse sentido o professor não pode assumir a postura de “sabe tudo”, tanto para dar espaço a criatividade do aluno como também pelo fato de não existir uma única verdade, nem verdade absoluta, principalmente quando se trata da construção do mundo das palavra, da arte de pensar.

O trabalho a cerca da leitura e escrita na escola, não se resumirá a produção literária para avaliação e circulação interna; espera-se apresentar os resultados dos trabalhos em um Jornal Escolar bimestralmente e postado em um blog por turma, para que os alunos sintam-se motivados ao ver seus trabalhos circulando em jornal impresso e no mundo virtual.

Esperamos ao concluir esse trabalho conseguir motivar e despertar a necessidade de adentra-se no mundo das palavras descobrindo seu valor, e fazendo uso nas situações corriqueiras do cotidiano.

JUSTIFICATIVA

Com as transformações que a sociedade globalizada está sofrendo, ao mesmo tempo vencia-se uma época em que a falta de leitura é uma constante. Não podemos nos acostumar a aceitar essa condição, pois não há como acompanhar ou mesmo interagir com essas mudanças atuais sem haver o conhecimento claro do que significam e de suas consequências. Para isso, a leitura sob diversas formas, tem papel fundamental. Para exercer plenamente sua cidadania, o aluno precisará não apenas ler, mas interpretar e analisar o que ler, tendo despertado seu senso crítico, sensibilidade, emoção, a fim de que possa interagir e tornar-se uma agente de transformação. A escola inserida no contexto social que tem uma dinâmica de mudança mais veloz, precisa repensar metodologias que atendam às exigências de um novo cenário que surge, o qual estabelece relacionamentos entre atividades que antes não se comunicavam.

Nessa linha de pensamento o PCA e professores da área de Linguagens e Códigos, coordenadores do laboratório de informática (LEI) e coordenador do centro de multimeios, laçamo-nos no desafio de propiciar meios e condições adequadas que proporcionem momentos..., dias..., ricos e agradáveis, a fim de que a leitura se instale e permaneça dentro e fora dos muros da escola.

Considerando que o simples gesto de ler pode possibilitar leitura através da qual descobrimos outros mundos possíveis, questione o nosso, formamos opiniões e aperfeiçoamos a expressão oral e escrita. Caminhemos juntos rumos a novos percursos literários, pretendemos valorizar a leitura literária clássica e popular. Começaremos pela literatura popular para homenagear Patativa do Assaré no ano de seu centenário. Poeta de identidade sertaneja, uma de suas maiores preocupações é um futuro melhor para as gerações que virão. Para ele, este objetivo não pode ser alcançado sem passar por uma melhor educação e ver no livro o seu auxiliar indispensável: “É por meio da leitura que poderá a criatura na vida desenvolver, o livro é companheiro mais fiel e verdadeiro que nos ajuda a vencer”. É notável que este que representa hoje a tradição oral de forma mais sucinta, sonha em continuar sua ação através da tradição escrita. E a partir destas leituras intertextualiza-se com a leitura de autores estudados no Ensino Médio.

Acreditamos que a leitura efetiva-se por meio de procura em que os interesses e as necessidades do sujeito / leitor são portas. Por conseguinte ainda que a leitura seja um ato do “eu”, podemos abrir portas, trocar alguns rumos de direção e sua construção. Fortalecidos com essa cresça temos o dever de contagiar nossos leitores destinatários e traze-los para o fascinante ingresso no mundo da literatura. Ingresso que julgamos essencial para que eles viagem por muitos outros mundos.

OBJETIVO GERAL

Fomentar o hábito da leitura, cultivando o gosto pela produção literária e textos diversos, afim de desenvolver habilidades intertextuais vinculadas à visão de mundo e a criatividade artístico-cultural.


OBJETIVOS ESPECÍFICOS

  • Promover a expressão artístico-cultural por meio de criação midiática, diversificando as formas de incentivo a leitura e a escrita;

  • Propiciar o desenvolvimento de atividades de interação literária e criar espaços e momentos favoráveis à leitura e à escrita;

  • Perceber a presença de temas do cotidiano em obras literárias regionais, percebendo o local no global.

METAS

  • Redução em 80% do déficit de atividades literárias no ambiente escolar, através do resgate da leitura e da escrita como elementos fundamentais no processo de ensino-aprendizagem;

  • Aumento de 80% na inclusão digital dos alunos, através da criação de blogs por turma formando uma rede de produção escrita virtual na escola.


METODOLOGIA

O desenvolvimento desse projeto exige uma parceria de atividades entre monitores e professores no que diz respeito ao acompanhamento das atividades realizadas no cotidiano escolar no que se refere ao trabalho com língua portuguesa. No entanto se faz necessário a existência de momentos exclusivos para reflexão quanto a necessidade da melhoria na leitura e escrita, o que requer atividades criativas e enriquecedoras que venham despertar o significado dessa necessidade por parte do aluno. Daí a idéia de realização de seminários e palestras em momentos alternados onde possa ser desenvolvido uma boa fundamentação teórica e posteriormente outros momentos para realização de aulas de campo, oficinas com apresentação de teatro, festival de músicas regionais, relatos orais e escritos de escritores jardinenses, produções literárias e recital de poesias.

Vale salientar que as atividades supracitadas jamais poderão deixar de fazer relação e de ser acompanhadas com o desenvolvimento dos trabalhos de sala de aula.


PLANILHA DE CUSTO

AÇÃO

VALOR TOTAL R$

VALOR POR ELEMENTOS DE DESPESAS

CDs/

FOTOS/

PAINÉIS

DECORAÇÃO

PAPEL/

XEROX/

IMPRESSÃO

QUESTIONÁRIOS/

AQUISIÇÃO DE LIVROS E CORDÉIS

ALIMENTAÇÃO

DESLOCAMENTO

01

PRODUÇÃO DAS EQUIPES EM SALA

400,00

200,00


200,00




02

PESQUISA EM BIBLIOTECA

200,00

100,00


100,00




03

OFICINA DE BLOG

400,00

200,00


200,00




04

PESQUISA EM INTERNET

500,00

200,00


300,00





05

ENTREVISTAS COM ESCRITORES JARDINENSES

500,00

200,00



300,00



06

AULA-PASSEIO EM ASSARÉ

2.000,00

500,00




500,00

1.000,00

07


PALESTRA


500,00





250,00

250,00


08

SOCIALIZAÇÃO

500,00


500,00







ATIVIDADES



PERÍODO

ATIVIDADE

AGOSTO / SETEMBRO

Apresentação, leitura e discussão de cordéis, poemas, músicas e romances;

Pesquisa em biblioteca;

Pesquisa na internet;

OUTUBRO

Exibição de filmes adaptados da literatura brasileira;

Análise e compreensão de diferentes elementos dos textos;

Oficina de cordéis;

Oficina de blog ( laboratório de informática)

NOVEMBRO

Oficina de produção escrita: tipologia e gênero textual;

Aula-passeio para Assaré;

Postagem e atualização dos blogs;

DEZEMBRO

Apresentação de produções, coletânea com o material produzido ao longo do semestre;

Palestra com professor especializado em Literatura regional;

Apresentação artístico-cultural com participação dos alunos, artistas e escritores de jardim.


quinta-feira, 24 de setembro de 2009

BIOGRAFIA DE PATATIVA DO ASSARÉ

Patativa do Assaré
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Nome completo
Antônio Gonçalves da Silva
Data de nascimento:
5 de Março de 1909
Origem:
Assaré, Ceará
País: Brasil
Data de morte:
8 de Julho de 2002 (93 anos)Assaré, CearáBrasil
Antônio Gonçalves da Silva, mais conhecido como Patativa do Assaré (
Assaré, Ceará, 5 de março de 19098 de julho de 2002) foi um poeta popular, compositor, cantor e improvisador brasileiro.
1 Biografia
2 Obras
2.1 Livros de poesia
2.2 Poemas
3 Títulos e prêmios
4 Ligações externas
Biografia
Uma das principais figuras da
música nordestina do século XX. Segundo filho de uma família pobre que vivia da agricultura de subsistência, cedo ficou cego de um olho por causa de uma doença. Com a morte de seu pai, quando tinha nove anos de idade, passa a ajudar sua família no cultivo das terras. Aos doze anos, freqüenta a escola local, em que é alfabetizado, por apenas alguns meses. A partir dessa época, começa a fazer repentes e a se apresentar em festas e ocasiões importantes. Por volta dos vinte anos recebe o pseudônimo de Patativa, por ser sua poesia comparável à beleza do canto dessa ave. Sendo muito amigo da familia Diniz.
Indo constantemente à Feira do Crato onde participava do programa da rádio Araripe, declamando seus poemas. Numa destas ocasiões é ouvido por José Arraes de Alencar que, convencido de seu potencial, lhe dá o apoio e o incentivo para a publicação de seu primeiro livro, Inspiração Nordestina, de
1956.
Este livro teria uma segunda edição com acréscimos em
1967, passando a se chamar Cantos do Patativa. Em 1970 é lançada nova coletânea de poemas, Patativa do Assaré: novos poemas comentados, e em 1978 foi lançado Cante lá que eu canto cá. Os outros dois livros, Ispinho e Fulô e Aqui tem coisa, foram lançados respectivamente nos anos de 1988 e 1994. Foi casado com Belinha, com quem teve nove filhos. Faleceu na mesma cidade onde nasceu.
Obteve popularidade a nível nacional, possuindo diversas premiações, títulos e homenagens (tendo sido nomeado por cinco vezes Doutor Honoris Causa). No entanto, afirmava nunca ter buscado a fama, bem como nunca ter tido a intenção de fazer profissão de seus versos. Patativa nunca deixou de ser agricultor e de morar na mesma região onde se criou (
Cariri) no interior do Ceará. Seu trabalho se distingue pela marcante característica da oralidade. Seus poemas eram feitos e guardados na memória, para depois serem recitados. Daí o impressionante poder de memória de Patativa, capaz de recitar qualquer um de seus poemas, mesmo após os noventa anos de idade.
A transcrição de sua obra para os meios gráficos perde boa parte da significação expressa por meios não-verbais (voz, entonação, pausas, ritmo, pigarro e a linguagem corporal através de expressões faciais, gestos) que realçam características expressas somente no ato performático (como ironia, veemência, hesitação, etc.). A complexidade da obra de Patativa é evidente também pela sua capacidade de criar versos tanto nos moldes
camonianos (inclusive sonetos na forma clássica), como poesia de rima e métrica populares (por exemplo, a décima e a sextilha nordestina). Ele próprio diferenciava seus versos feitos em linguagem culta daqueles em linguagem do dia-a-dia (denominada por ele de poesia "matuta").
Patativa transitava entre ambos os campos com uma facilidade camaleônica e capacidade criadora e intelectual ainda não totalmente compreendidas pelo meio acadêmico. Sua obra, de dimensão tanto estética quanto política, aborda diferentes temas e possui outras vertentes além da social/militante; como a telúrica, religiosa, filosófica, lírica, humorística/irônica, motes/glosas, entre outras. As múltiplas tentativas de categorização da obra de Patativa do Assaré (muitas vezes subjetivas e sem base teórica) expõem falhas inerentes dos próprios parâmetros de julgamento.
Estes, na maior parte, baseados em pressuposições e preconceitos que levam a dois extremos: a representação idealizada do mito, a exclusão pela classe social, nível de escolaridade, etc.
Obras
Livros de poesia
1967 -
Inspiração Nordestina: Cantos do Patativa;
1978 - Cante Lá que Eu Canto Cá;
1988 -
Ispinho e Fulô (2005);
1991 - Balceiro. Patativa e Outros Poetas de Assaré (Org. com Geraldo Gonçalves de Alencar)
1993 - Cordéis (caixa com 13 folhetos);
1994 -
Aqui Tem Coisa (2004);
2000 -
Biblioteca de Cordel: Patativa do Assaré (Org. Sylvie Debs);
2001 - Digo e Não Peço Segredo (Org. Guirlanda de Castro e Danielli de Bernardi);
2001 - Balceiro 2. Patativa e Outros Poetas de Assaré (Org. Geraldo Gonçalves de Alencar);
2001 - Ao pé da mesa (co-autoria com Geraldo Gonçalves de Alencar);
2002 - Antologia Poética (Org. Gilmar de Carvalho);
2008 -
Cordéis e Outros Poemas (Org. Gilmar de Carvalho).
Poemas
A Triste Partida;
Cante Lá que eu Canto Cá;
Coisas do Rio de Janeiro;
Meu Protesto;
Mote/Glosas;
Peixe;
O Poeta da Roça;
Apelo dum Agricultor;
Se Existe Inferno;
Vaca estrela e Boi Fubá;
Você se Lembra?;
Vou Vorá.
Títulos e prêmios
1979 - Homenageado pela programação cultural do encontro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, SBPC, em Fortaleza;
1982 - Recebe o diploma de “Amigo da Cultura”, outorgado pela Secretaria da Cultura do Estado, pela “decidida atuação a favor do aprimoramento cultural do Ceará”;
1982 - Cidadão de Fortaleza, título aprovado pela Câmara Municipal;
1987 - Recebe a “Medalha da Abolição”, pelos “relevantes serviços prestados ao Estado”;
1989 -
Cariri Ceará - Doutor Honoris Causa pela Universidade Regional de Cariri;
1989 - Inauguração da rodovia “Patativa do Assaré”, com 17 km, ligando Assaré a Antonina do Norte
1991 - Enredo da Escola Acadêmicos do Samba, de
Fortaleza;
1995 -
Fortaleza, Ceará - Prêmio do Ministério da Cultura na categoria Cultura Popular entregue pelo Presidente da República Fernando Henrique Cardoso no Teatro José de Alencar;
1998 - Recebe, dia 22 de maio, a “Medalha Francisco Gonçalves de Aguiar”, do Governo do Estado do Ceará, outorgada pela Secretaria de Recursos Hídricos;
1999 -
Assaré, Ceará - Inauguração do Memorial Patativa do Assaré;
1999 - Título de Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual do Ceará - UECE;
1999 - Título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Ceará - UFC;
1999 - Prêmio Unipaz, VII Congresso Holístico Brasileiro, Fortaleza, dia 20 de outubro;
2000 - Na festa dos 91 anos, recebe o título de Cidadão do Rio Grande do Norte;
2000 - Título de Doutor Honoris Causa da Universidade Tiradentes, de Sergipe;
2001 - Terceiro colocado na eleição do “Cearense do Século”, promovido pelo Sistema Verdes Mares de Comunicação (o vencedor foi
Padre Cícero);
2001 - Recebe o troféu “Sereia de Ouro”, do Grupo Edson Queiroz, no Memorial Patativa do Assaré, dia 28 de setembro;
2002 - Prêmio FIEC, "Artista do Turismo Cearense",
Fortaleza;
2003 - Prêmio UniPaz, V Congresso Holístico de Crianças e Jovens, Fortaleza;
2005 - Inauguração da "Biblioteca Pública Patativa do Assaré",
Piauí;
2004 - Título EFESO "Cidadão Empreendedor"(Escola de Formação de Empreendedores Sociais);
2004 - Troféu MST (Homenageado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra);
2005 - Homenageado com Medalha Ambientalista Joaquim Feitosa;
2005 - Inauguração da "Biblioteca Pública Patativa do Assaré", Vila Nova,
Piauí;
2005 - Título de Doutor Honoris Causa da Universidade (?),
Mossoró, Rio Grande do Norte.

COMO SERÃO ORGANIZADAS AS PRODUÇÕES NA SEMANA LITERÁRIA?

Os alunos participarão em grupos formados pelas suas respectivas turmas. Cada turma terá um professor-orientador. Serão formados seis grupos por turma:
1 - GRUPO DA REDAÇÃO;
2 - GRUPO DO BLOG;
3 - GRUPO DO CORDEL;
4 - GRUPO DA MÚSICA REGIONAL;
5 - GRUPO DO TEATRO REGIONAL.
OBS: Todos os grupos devem se voltar para a temática geral, devem delimitar suas produções.
TEMA: Patativa do Assaré
SUB-TEMAS:
1º ANO: VALORIZAÇÃO DA ARTE LITERÁRIA NORDESTINA (Gil Vicente);
2º ANO: PROBLEMAS SOCIAIS (Castro Alves);
3º ANO: A SECA (Graciliano Ramos).


A TRISTE PARTIDA - PATATIVA DO ASSARÉ

Setembro passou, com oitubro e novembro Já tamo em dezembro. Meu Deus, que é de nós? Assim fala o pobre do seco Nordeste, Com medo da peste, Da fome feroz. A treze do mês ele fez a experiença, Perdeu sua crença Nas pedra de sá. Mas nôta experiença com gosto se agarra, Pensando na barra Do alegre Natá. Rompeu-se o Natá, porém barra não veio, O só, bem vermeio, Nasceu munto além. Na copa da mata, buzina a cigarra, Ninguém vê a barra, Pois barra não tem. Sem chuva na terra descamba janêro, Depois, feverêro, E o mêrmo verão Entonce o rocêro, pensando consigo, Diz: isso é castigo! Não chove mais não! Apela pra maço, que é o mês preferido Do Santo querido, Senhô São José. Mas nada de chuva! tá tudo sem jeito, Lhe foge do peito O resto da fé. Agora pensando segui ôtra tria, Chamando a famia Começa a dizê: Eu vendo meu burro, meu jegue e o cavalo, Nós vamo a São Palo Vivê ou morrê. Nós vamo a São Palo, que a coisa tá feia; Por terras aleia Nós vamo vagá. Se o nosso destino não fô tão mesquinho, Pro mêrmo cantinho Nós torna a vortá. E vende o seu burro, o jumento e o cavalo, Inté mêrmo o galo Vendêro também, Pois logo aparece feliz fazendêro, Por pôco dinhêro Lhe compra o que tem. Em riba do carro se junta a famia; Chegou o triste dia, Já vai viajá. A seca terrive, que tudo devora, Lhe bota pra fora Da terra natá. O carro já corre no topo da serra. Oiando pra terra, Seu berço, seu lá, Aquele nortista, partido de pena, De longe inda acena: Adeus, Ceará! No dia seguinte, já tudo enfadado, E o carro embalado, Veloz a corrê, Tão triste, o coitado, falando saudoso, Um fio choroso Escrama, a dizê: - De pena e sodade, papai, sei que morro! Meu pobre cachorro, Quem dá de comê? Já ôto pergunta: - Mãezinha, e meu gato? Com fome, sem trato, Mimi vai morrê! E a linda pequena, tremendo de medo: - Mamãe, meus brinquedo! Meu pé de fulô! Meu pé de rosêra, coitado, ele seca! E a minha boneca Também lá ficou. E assim vão dexando, com choro e gemido, Do berço querido O céu lindo e azu. Os pai, pesaroso, nos fio pensando, E o carro rodando Na estrada do Su. Chegaro em São Paulo - sem cobre, quebrado. O pobre, acanhado, Percura um patrão. Só vê cara estranha, da mais feia gente, Tudo é diferente Do caro torrão. Trabaia dois ano, três ano e mais ano, E sempre no prano De um dia inda vim. Mas nunca ele pode, só veve devendo, E assim vai sofrendo Tormento sem fim. Se arguma notícia das banda do Norte Tem ele por sorte O gosto de uvi, Lhe bate no peito sodade de móio, E as água dos óio Começa a caí. Do mundo afastado, sofrendo desprezo, Ali veve preso, Devendo ao patrão. O tempo rolando, vai dia vem dia, E aquela famia Não vorta mais não! Distante da terra tão seca mas boa, Exposto à garoa, À lama e ao paú, Faz pena o nortista, tão forte, tão bravo, Vivê como escravo Nas terra do su.

BALAIO DE CORDÉIS

Use este espaço à vontade para postar seus cordéis ou trechos de cordéis que não sejam de sua autoria.

AS NOVAS DAS LETRAS

Para quem gosta do Jardim, de literatura e de uns "causos" bem contados, chegou "O Contador de Lorotas" de Miguel Moraes, um livro que aproxima o jardinense daquilo que está se perdendo na sociedade da cultura virtual de hoje: a simplicidade de ouvir histórias, de sentar na calçada para rir um pouco da vida. Eu tive a oportunidade de me deparar com a poesia de Miguel Moraes quando lia "Por uma ética da Estética", livro de Claúdia Leitão, que trata da arte armorial. Até então, não conhecia seu talento para a literatura. Quando Miguel voltou de Recife encantado com Alceu Valença, percebi que era no caminho das letras que ele iria enveredar, afinal de contas quem se encanta com a melodia, já foi tragado pela poesia. O fato de ele ter feito Direito, também contribuiu, já que não existe retórica sem talento para escrever. Eu tive a oportunidade de ler dois capítulos do livro dele antes mesmo de ser publicado. Um dia ele copiou do seu pendrive para o meu computador. À época, acredito que ele nem havia escrito os outros. Além de estarmos valorizando a cultura local, ao lermos "O Contador de Lorotas" estaremos valorizando a leitura convencional. O contato com o cheiro do livro, deformando suas páginas ao folheá-lo, é essencial para gerar leitores de fato. A leitura é um ritual que não se deve abandonar, mesmo em tempos de cibercultura. Precisamos valorizar esses velhos hábitos, abandonar um pouco as "lan-house" e nos presentearmos com um bom livro. O livro saiu pela editora Bagaço de Recife e na Semana Literária estaremos homenageando o escritor e você vai ter a oportunidade de adquirí-lo aqui na escola.
Profª Socorro Coêlho

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

TRECHO DE "O VAQUEIRO" - PATATIVA DO ASSARÉ



Eu venho dêrne menino, Dêrne munto pequenino, Cumprindo o belo destino Que me deu Nosso Senhô. Eu nasci pra sê vaquêro, Sou o mais feliz brasilêro, Eu não invejo dinhêro, Nem diproma de dotô. Sei que o dotô tem riquêza, É tratado com fineza, Faz figura de grandeza, Tem carta e tem anelão, Tem casa branca jeitosa E ôtas coisa preciosa; Mas não goza o quanto goza Um vaquêro do sertão. Da minha vida eu me orgúio, Levo a Jurema no embrúio Gosto de ver o barúio De barbatão a corrê, Pedra nos casco rolando, Gaios de pau estralando, E o vaquêro atrás gritando, Sem o perigo temê. Criei-me neste serviço, Gosto deste reboliço, Boi pra mim não tem feitiço, Mandinga nem catimbó. Meu cavalo Capuêro, Corredô, forte e ligêro, Nunca respeita barsêro De unha de gato ou cipó. Tenho na vida um tesôro Que vale mais de que ôro: O meu liforme de côro, Pernêra, chapéu, gibão. Sou vaquêro destemido, Dos fazendêro querido, O meu grito é conhecido Nos campo do meu sertão.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

PATATIVA DO ASSARÉ



Vejam a imponência do poeta!
A poesia de Patativa do Assaré é , sem sombra de dúvida, o que há de melhor na Literatura regional. Ele traduz a beleza do modo de vida sertanejo como ninguém. Depois de Patativa passei a ver o cenário nordestino com outros olhos. O sol causticante, a seca que dá o tom marrom à paisagem, o chão rachado parece abrir caminho para um inverno que não demora a chegar... Ou será que só quem é apaixonado pela história e pela cultura nordestina como eu é que percebe isso?
Profª Socorro Coêlho

Por que este blog?

Este blog é uma iniciativa do grupo de professores da área de linguagens e códigos da Escola de Ensino Fundamental e Médio Governador Adauto Bezerra. O Pat@tivando Leituras - Ressignificando Linguagens a Partir das Obras de Patativa do Assaré, é uma das ações da Semana de Arte Literária que acontecerá na escola de 26 a 30 de outubro de 2009. O grupo é formado pelo PCA da área de Linguagens e Códigos, pelo Coordenador do Centro de Multimeios, pelos Coordenadores do Laboratório de Informática e por todos os professores que lecionam na área.